Físico-química do vinho
O que é Físico-química do Vinho?
A físico-química do vinho é um campo de estudo que analisa as propriedades físicas e químicas do vinho, abrangendo desde a sua composição até as reações que ocorrem durante a fermentação e o envelhecimento. Este conhecimento é fundamental para enólogos e produtores, pois influencia diretamente a qualidade e o sabor do produto final. A interação entre os compostos químicos presentes no vinho, como ácidos, açúcares, taninos e álcoois, determina suas características sensoriais e a estabilidade do vinho ao longo do tempo.









Composição Química do Vinho
O vinho é uma mistura complexa de água, etanol, ácidos, açúcares, fenóis e outros compostos. A água representa cerca de 85% do vinho, enquanto o etanol, resultante da fermentação, é o segundo componente mais abundante. Os ácidos, como o ácido tartárico e o ácido málico, são essenciais para o equilíbrio do sabor e a acidez do vinho. Os açúcares, que podem variar dependendo do tipo de vinho, influenciam a doçura e a percepção gustativa. Os fenóis, que incluem os taninos, são responsáveis pela estrutura e pela cor do vinho.
pH e Acidez do Vinho
O pH do vinho é um indicador crucial da sua acidez, que afeta não apenas o sabor, mas também a estabilidade microbiológica e a longevidade do produto. A maioria dos vinhos apresenta um pH entre 3,0 e 4,0, sendo que vinhos brancos tendem a ser mais ácidos do que os tintos. A acidez é um fator determinante na frescura e na vivacidade do vinho, além de ser um elemento importante na harmonização com alimentos. A monitorização do pH durante a vinificação é essencial para garantir a qualidade do vinho.
Taninos e Estrutura do Vinho
Os taninos são compostos fenólicos encontrados nas cascas, sementes e caules das uvas, e desempenham um papel fundamental na estrutura e na textura do vinho. Eles conferem adstringência e complexidade, além de contribuírem para a capacidade de envelhecimento do vinho. A extração de taninos durante a fermentação e o envelhecimento em barricas de carvalho pode influenciar significativamente o perfil sensorial do vinho. A interação entre taninos e outros compostos, como antocianinas, também afeta a cor e a estabilidade do vinho.
Açúcares Residual e Doçura
A quantidade de açúcares residuais no vinho é um fator determinante para a sua doçura. Durante a fermentação, as leveduras convertem os açúcares presentes nas uvas em álcool, mas em alguns casos, uma parte dos açúcares pode permanecer, resultando em vinhos doces ou semi-doces. A medição dos açúcares residuais é crucial para categorizar o vinho e para a sua harmonização com alimentos. Vinhos como Sauternes e Tokaji são exemplos de vinhos que apresentam altos níveis de açúcares residuais, proporcionando uma experiência gustativa única.
Oxidação e Estabilidade do Vinho
A oxidação é um processo químico que pode afetar negativamente a qualidade do vinho, resultando em alterações indesejadas no sabor e na cor. O controle da exposição ao oxigênio durante a vinificação e o armazenamento é essencial para preservar as características do vinho. A utilização de antioxidantes, como o dióxido de enxofre, ajuda a prevenir a oxidação e a manter a frescura do vinho. A compreensão dos mecanismos de oxidação é vital para os enólogos, pois influencia diretamente a longevidade e a qualidade do produto final.
Temperatura e Armazenamento do Vinho
A temperatura de armazenamento do vinho é um fator crítico que afeta sua evolução e qualidade. Vinhos devem ser armazenados em temperaturas controladas, geralmente entre 12°C e 16°C, para garantir que os processos químicos ocorram de maneira ideal. Temperaturas extremas podem acelerar a oxidação e comprometer a integridade do vinho. Além disso, a umidade e a proteção contra a luz também são aspectos importantes a serem considerados no armazenamento, pois influenciam a estabilidade e a preservação das características do vinho.
Fermentação Malolática
A fermentação malolática é um processo secundário que ocorre após a fermentação alcoólica, onde o ácido málico é convertido em ácido lático por bactérias lácticas. Este processo é especialmente comum em vinhos tintos e em alguns brancos, como o Chardonnay, e resulta em uma suavização da acidez e na adição de complexidade ao perfil sensorial do vinho. A fermentação malolática pode ser controlada pelo enólogo, permitindo ajustes na textura e no sabor do vinho, contribuindo para a sua elegância e harmonia.
Impacto do Envelhecimento em Barricas
O envelhecimento do vinho em barricas de carvalho é uma prática comum que influencia significativamente suas características organolépticas. O contato com a madeira proporciona a incorporação de compostos aromáticos, como vanilina e lactonas, além de permitir a microoxigenação, que suaviza os taninos e melhora a complexidade do vinho. O tipo de carvalho, o tempo de envelhecimento e o tratamento da barrica são fatores que determinam o perfil final do vinho. Essa interação entre vinho e madeira é uma arte que requer conhecimento e experiência por parte do enólogo.



